domingo, 8 de maio de 2011

MARCHA DA MACONHA

Já postei neste blog que uma das características do interior é ser mais conservador diante a distância que possui dos grandes centros urbanos. Cenário que ocorre, por exemplo, na região bragantina (a menos de 100km da capital paulista).

Neste domigo, 08, dia das mães, aconteceu em Atibaia a MARCHA DA MACONHA - um movimento que acontece todos os anos durante o mês de maio que visa através de passeatas em diversas cidades em todo o Brasil defender a bandeira da legalização da maconha e para isso usa de simpatizantes desta "bandeira" para promover a ação.

Estava em Atibaia e achei interessante acompanhar parte da MARCHA.

Me surpreendeu, por exemplo, o excesso de policiais que acompanharam a passeata.
Fiquei surpreso também com a reação das pessoas diante desta polêmica e resolvi fazer um vídeo sobre o ocorrido - afinal de contas, há anos assistimos o movimento gay fazer a sua famosa "PARADA", achei legítimo a manifestação pacífica destes jovens e pergunto: POR QUE ELES NÃO PODEM SE MANIFESTAR? Estão em seu pleno direito.

Cada vez que nos escondemos no mais profundo conservadorismo e classificamos as drogas como um problema a ser resolvido pela polícia, negligenciamos um grave problema e que atinge principalmente os mais humildes.

Nesta semana que se passou o Supremo Tribunal tomou uma decisão histórica reconhecendo os direitos civis de casais gays e será que iremos negligenciar e condenar quantos inocentes as drogas, enquanto não enfrentamos este grave e atual problema social? Vamos esperar o Tribuna novamente se manifestar? Vamos esperar a benevolência dos políticos? Vamos ficar esperando até quando?

O vídeo que fiz não possui qualquer interesse em promover a MARCHA DA MACONHA, porém, prevê trazer a discussão a tona e mostrar que há muito tempo não assistia jovens (embora poucos), saírem do conforto de sua casa para levantarem uma bandeira. Confira:



Em tempo: este vídeo não segue nenhum roteiro, foi realizado de improviso, com a finalidade de mostrar a PRIMEIRA MARCHA DA MACONHA que aconteceu numa cidade da região bragantina, interior de SP.

PESQUISA FESP-SP, CASO REALENGO/RJ - Como os jovens se comportam diante do episódio? Quais s suas opiniões?



Pesquisa realizada no dia 16 de abril de 2011, poucos dias após o incidente do Rio de Janeiro (caso Realengo), alunos da pós graduação da FESP-SP, estiveram nas ruas de Santa Cecília e Vila Buarque de SP entrevistando moradores da capital sobre noticiários da imprensa e seus impactos. No total foram aplicados 94 questionários. A análise segue abaixo:

1. Dos jovens entrevistados entre 18 e 24 anos, 46% deles acreditam que existe um culpado pelo massacre e neste caso o jovem que cometeu o crime é o único responsável. Resultado semelhante ocorre na faixa etária de 16-17 anos, quando 33% dos jovens também culpam o atirador.

2. Importante destacar que segundo juristas da área criminal, ao enfrentarem um júri, por exemplo, dizem que quanto menor a faixa etária (mais jovem for composto a banca), maior é o sentimento de querer “vingança e punição” na sentença, sentimento que pode ser detectado nestas respostas e comportamento dos jovens sobre o caso – ao detectarem e personalizarem o culpado. Entretanto, conforme, observa a mesma pergunta e com o avançar da idade a tendência é ser mais compreensivo – entrevistados da faixa etária de 35 a 44 anos, por exemplo, acham que prioritariamente a “sociedade como um todo”, é a principal responsável pelo episódio, opção escolhida por 33%.

3. Jovens ainda de 18 a 24 anos culpam pelo ocorrido: a escola por permitir a entrada de um ex-aluno nas suas dependências, a sociedade como um todo, a família do jovem - estes aparecem com 8% das citações, assim como, 8% também acham que não existe nenhum culpado e que este fato foi uma fatalidade – comportamento que vemos com desempenho semelhante em outros perfis etários.

Enfim, observamos que os jovens estão mais pré-dispostos a encontrar um culpado, ou seja, uma pessoa que possa responder e ser punida pelo crime, o sentimento de vingança e punição, sendo assim, menor tolerância.

sábado, 7 de maio de 2011

O vizinho da frente

O vizinho da frente mora logo aqui. Na calçada subsequente ao último degrau da escadaria de acesso à rua. Nessa mistura inconsciente, ele mora na minha rua, eu moro na dele. Sua casa é no passeio da minha. A caixa de papelão que um dia embalou minha máquina de lavar roupa, hoje embala seus sonhos no doce desconforto de uma cama endurecida. A caixa em que veio minha televisão empacota bugigangas que ele acumula sem finalidade aparente.

Nos mudamos mais ou menos na mesma época. Nesse ínterim, nos habituamos a cruzar alguns olhares. Às vezes, quando saio para comprar pão, na volta, dou uns dois pra ele. Ele me agradece com um sorriso embriagado, onde alguns dentes estão pela metade, outros podres e muitos já inexistentes. Seu cabelo, apesar de curto é sujo e seu cheiro, naturalmente, forte. Não importa o clima, ele está sempre de casaco.
Tem o Pretin, que é o cachorro que mora com ele. Não tenho nojo de cachorros, por mais sujos que estejam. Quando o Pretin aparece sempre agrado. Vez ou outra até brinco com cão, jogo qualquer coisa para ele ir buscar. O sujeito, no entanto só me olha. Esboça um sorriso quase igual ao de agradecimento do pão, mas quando a envergadura de seus lábios vão denunciar alguma simpatia, ele muda o semblante entortando as sobrancelhas. Já não sei se está bravo comigo ou com o cachorro. Nem sei se está bravo de fato ou tendo um ataque de loucura, coisa do tipo. Me despeço do animal e vou embora.

Outro dia, voltando do trabalho, vi o homem segurando umas fotos. Parecia que elas eram de uma família. Não consegui ver direito, fiquei com medo de que ele reparasse que eu estava tentando vê-las. Pelo que percebi, tinha um homem e uma mulher acompanhados de três crianças na foto. Meio antiga. Mas acho que não era nada demais.

Faz mais ou menos dois anos que me mudei e ontem, quando fui comprar pão, o sujeito estava deitado de bruços. Na volta da padaria, havia uma ambulância da prefeitura parada no meio fio. Não parei. Acho meio deselegante parar para ver a desgraça alheia. Além do que, eu não era parente nem nada. Passei na portaria, peguei a correspondência e fui até a janela espiar o que acontecia na rua. O sujeito estava morto, ou, pelo menos, imóvel o suficiente para isso.
Depois de alguma conversa num tom de negociação e acerto de tarefas, dois enfermeiros, protegidos com luvas de borracha, pegaram o corpo. Um agarrou nos braços e o outro nas canelas. Colocaram o corpo em uma maca dentro da ambulância e ela saiu com a sirene desligada mesmo.

Achei que, pro sujeito, talvez tenha sido melhor assim. Agora ele não iria mais sofrer. Não iria mais precisar morar na rua. Fui olhar a correspondência e, no meio delas, um papel meio amassado, com um cheiro um tanto familiar trazia algumas letras em uma grafia bastante precária:

“O mundo, ó alma cansada
É uma porta aberta, por onde
Se vê, logo defronte,
Uma outra porta, fechada.”


Texto – Victor Callil

Poema final – Fernando Pessoa

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A REVOLUÇÃO PELA WEB

A cena é marcante, ninguém esquece o que aconteceu no dia 11 de setembro de 2001, porém, foi a primeira vez que a internet passou a ser protagonista na grande imprensa. Sua agilidade fez que a informação correta e as imagens instantâneas chegassem a qualquer ponto do mundo. Duas torres gêmeas, símbolo da soberania americana indo ao chão.

Depois dos ataques terroristas, das ondas dos Blogs (diário pessoal pela web), do fenômeno MSN, e de tantas outras reportagens e agilidade na informação a imprensa estava do outro lado da pirâmide. A pauta já não era mais decidida a partir dos interesses editorialistas e sim da “cauda”, ou seja, da base da pirâmide, da população conectada na web.

Assim, de repente, uma Geyse Arruda com um pequeno vestido faz sucesso e vira assunto do dia no Jornal Nacional, um homem que trai a mulher com a melhor amiga é tema de destaque do Fantástico . Com o Youtube tudo ficou mais fácil. As redes sociais deixaram pra trás o contato pessoal, agora é possível se relacionar com o mundo todo a um clique de distância. Nós, passamos a ser virtuais.

Namoros pelos MSN, amizade pelo Facebook, empatias através de uma comunidade do Orkut, o que esta acontecendo agora esta no Twitter. Enfim, a cultura mudou. A juventude virou uma tribo, cada um no seu quarto, isolado e conectado na web. As empresas de tecnologia investem pesados em hardware, software, mas no fundo muitas delas esquecem que atrás dos computadores – há pessoas com angústias, sonhos, problemas, enfim, sentimentos.

Perdemos em alguns casos a essência do quão bom é se relacionar. Há valores invertidos, a busca pela fama tornou-se ainda maior e aquela atualização na rede social da pessoa que esperamos quando não vem, causa angústia. Mas a internet foi revolucionária.

Através dela obtemos notícias do mundo todo, acompanhamos a guerra no Iraque, o vídeo do enforcamento de Sadan Hussein que vazou. Vemos imagens surpreendentes e também neste último fenômeno recente, a internet foi protagonista e decisiva para derrubar Mubarack, depois de 30 anos do poder do Egito.

Google e Twitter se uniram, formaram uma comunidade no Facebook, aglutinaram mais de 70 mil seguidores, informaram e orientaram sobre a manifestação contra o ex-ditador. Resultado: mesmo com as restrições da imprensa local, a internet mobilizou jovens, aglutinou pessoas e fez uma importante revolução, a democracia.

A internet também é libertadora, se usada para o bem, e genuinamente traz consigo o espírito inconformado do jovem, que faz da nossa sociedade uma locomotiva para o desenvolvimento em busca de uma vida, cada vez, mais livre e melhor. Pense nisso!

COMO FIQUEI SABENDO DA MORTE DE BIN LANDEN? A revolução da notícia pela internet

Minha namorada havia dito que num telejornal de ontem a noite, 01/05, havia visto algo sobre as torres gêmeas, a informação passou desapercebida.

Nesta manhã ao levâ-la para uma consulta médica e aguardando na sala de espera assistia a TV RECORD, porém, não dava muita credibilidade a informação, afinal de contas, a TV RECORD a meu ver é especialista em sensacionalismo, porém, ao ver a imagem do presidente Obama, embora sem ouvir o que dizia a reportagem salvo a chamada da matéria fica no rodapé da televisão passei a acreditar na informação.

Saindo do hospital, em uma outra sala de espera havia a mesma imagem de Obama porém da REDE GLOBO, passei a dar credibilidade e acreditar no que havia ouvido.
Ao ligar o computador, a notícia se confirma e neste minuto - acabo de receber o link com o seguinte título:

"Talebans paquistaneses aliados da Al Qaeda prometem vingar a morte de Bin Laden"

Confesso que fico um pouco intimidado e já não entendo mais nada, afinal de contas, a queda das torres gêmeas ao meu ver foi a CONSOLIDAÇÃO DA INTERNET COMO MEIO DE INFORMAÇÃO QUE LEVOU A NOTÍCIA E A TRISTE IMAGEM A TODO O MUNDO EM QUESTÃO DE MINUTOS, NA ÉPOCA SE DIZIA QUE ERA A FORMA REVOLUCIONÁRIA DE SE COMUNICAR, AGORA, PASSADO POUCO MENOS DE 10 ANOS DO EPISÓDIO NOVAMENTE SOMOS ATACADOS PELA INTERNET, PELAS NOTÍCIAS, PELAS IMAGENS, NOVAMENTE SE CRIA UMA SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA E DA PERGUNTA INQUESTIONÁVEL: E AGORA O QUE VAI ACONTECER?

PATRIOTISMO AMERICANO - Morte de Bin Laden

Nebo, é um nativo americano e mora no Brasil há pouco mais de 05 anos, em uma de nossas conversas ele me questionou:

- EBERTON QUANTAS BANDEIRAS DO BRASIL VOCÊ TEM NA SUA CASA?

Não precisei mais do que três segundos para responder: - NENHUMA. Logo veio a réplica: - EU, EM CASA, POSSUO TRÊS BANDEIRAS DO BRASIL E DOS EUA. Demonstração do valor que possuem pela nação e da diferente forma que são cultivados na cultura patriota.

Lembro desta passagem ao ver em todos os jornais, sites e telenotícias sobre a morte de Bin Laden e a imagem abaixo, ou seja, de comemoração:



Era pouco mais de 00h30, horário de Brasília, quando Obama dirigiu-se a rede nacional para anunciar que Osama Bin Laden estava morto, o reflexo desta notícia foi a imagem de milhares de americanos indo as ruas comemorando a informação, sentindo-se vingados pelo maior atentado terrorista de sua história, 11/09/2001, enfim, uma imagem de comemoração, embora, passado poucas horas de todo o entusismo fica a pergunta - SERÁ QUE OS TALEBANS PAQUISTANESES VÃO MESMO QUERER VINGAR A MORTE DE BIN LADEN? QUAIS OS REFLEXOS DESTA EMBOSCADA MILITAR AMERICANA, HAVERÁ MAIS SANGUE?

Respostas para estas questões ainda não temos, porém, uma hora sempre a conta chega - e quem desta vez pagará?

OS DIFERENTES PTs DO INTERIOR E DA GRANDE SP

Por que o Partido dos Trabalhadores – PT, é tão expressivo na região metropolitana de SP e quanto menor é a cidade e mais distante da capital, maior é a inexpressão da legenda?

Por que o ex-presidente Lula, perdeu em todas eleições que disputou o majoritário no Estado de SP?

Qual a verdadeira força do interior?


No total são 645 cidades que o Estado de SP possui, dentre elas poucas possuem mais de 100 mil habitantes, portanto, podemos afirmar que nosso Estado é predominantemente formado por municípios pequenos e médios, característica que garante a sobrevivência do conservadorismo e do pré-conceito, ou seja, do “ruído”, ou melhor, das distorções de informações.

Poucas pessoas, por exemplo, da região bragantina (a 85km da capital), conhecem efetivamente a história de lutas do PT, pelo contrário, escuta-se muita especulação e teorias contrárias sobre os reais interesses dos dirigentes sindicais e da legenda – por exemplo.

Há uma distorção de informações entre o PT da Grande SP com a imagem que se possui do PT no interior do Estado.

Há inúmeros PT`s dentro da própria legenda, há no Sul, por exemplo, uma grande história de tradição e lutas conhecida por todos, porém, em SP o PT não se ramificou e definitivamente não esta nas massas das cidades pequenas e no interior. Prova disso? Fracassos sucessivos nas campanhas para o governo do Estado.

Enfim, há uma grande diferença entre o PT da grande SP e do interior, sentida, por mim – morador do interior e militante político da capital paulista, porém, esta visão real do PT vai atingir poucas pessoas deixando grande parte ainda que por escolha própria, vivendo na cegueira.

Para terminar nada melhor que ser uma metamorfose ambulante, daquelas que Raul Seixas cantou no passado – evoluindo o conhecimento, quebrando paradigmas e surpreendendo-se com novas possibilidades. Viva o novo PT, aquele que ainda não chegou no interior!